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quinta-feira, 27 de março de 2008

Metade dos enfermeiros sem lugar meio ano após o curso

Metade dos enfermeiros não conseguiu emprego na sua área de formação seis meses depois de ter terminado o seu curso, revela um inquérito feito pela Federação Nacional de Associações de Estudantes de Enfermagem (FNAEE) junto das cerca das 40 escolas de Enfermagem do país no final do ano passado.

Por ano saem das escolas de Enfermagem cerca de três mil licenciados. Porque não encontram emprego na sua área de formação, hoje é possível ver enfermeiros a trabalhar em lavandarias, caixas de supermercado, até como ajudantes de Pai Natal na última época festiva. E há quem tente não perder a prática frequentando intermináveis estágios profissionais não remunerados, afirma o presidente da FNAEE, Gonçalo Cruz.

Das respostas que obtiveram das escolas (19 responderam) é possível concluir que, a nível nacional, depois de três meses do final do curso, só 24 por cento tinham conseguido lugar. Após seis meses, eram 55 por cento. "O cenário geral até é positivo face aos casos particulares", continua o presidente da FNAEE. O mesmo é dizer que as médias de empregabilidade escondem situações piores, sobretudo no Norte do país, e também melhores, verificadas, por exemplo, em Lisboa, continua.

Mapa das escolas

A situação desigual encontra explicação no mapa da distribuição das escolas. Existem cinco para toda a Zona Sul, 12 na área de Lisboa e Vale do Tejo e 15 na Zona Norte. Não é por acaso que é no Norte que a situação de falta de emprego dos enfermeiros mais se agravou, defende.

No inquérito concluíram que, por exemplo, na Escola Supeiror de Enfermagem de Calouste Gulbenkian - Braga, dos 80 licenciados que saem por ano só cinco por cento conseguem emprego ao fim de três meses, número que sobe para 13 por cento ao fim de seis meses. Na Escola Superior de Saúde da Guarda, dos 40 licenciados, apenas quatro por cento estavam empregados três meses após o final do curso, número que era de 20 por cento passado meio ano. Na Escola Superior de Enfermagem de Viana do Castelo, aos três e seis meses a percentagem de desempregados mantinha-se inalterável: rondava 16,6 por cento dos recém-licenciados. Nas escolas da capital, o cenário, apesar de tudo, é mais risonho: 35 por cento conseguiram emprego ao fim de três meses e 80 por cento ao fim de um semestre a seguir ao curso.

O crescendo de escolas e vagas não parou desde o momento em que foi criada a licenciatura em Enfermagem, em 1999, diz Gonçalo Cruz. Metade são privadas e as propinas mensais podem oscilar entre os 350 e os 500 euros.

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) estima que haja no desemprego 2500 enfermeiros e há 15 mil em formação, o que significa que "o problema vai agudizar-se", defende a dirigente sindical, Guadalupe Simões. "No mínimo, era preciso colocar um travão e diminuir o número de vagas". Defende ainda que a decisão de aumentar o número de enfermeiros, embora seja função do Ministério da Ciência e Ensino Superior, também convém ao Ministério da Saúde porque assim "desvaloriza o trabalho de enfermagem".

Desde a segunda metade de 2007 que um novo fenómeno é sintoma da situação da classe. A falta de emprego leva a que muitos profissionais tentem fazer voluntariado ou estágios não-remunerados, diz. "Alguns hospitais estão ilegalmente a recebê-los", sublinha Guadalupe Simões, explicando que os enfermeiros têm estágios integrados no seu curso, não precisam de mais, e assim os hospitais evitam admitir profissionais pagos. Ao mesmo tempo, com a quantidade tão grande de alunos nas escolas, começa a ser muito difícil arranjar-lhes "estágios com qualidade" integrados no curso.

O pior é que dados do Ministério da Saúde, de 2004, davam conta da falta de 21 mil enfermeiros nos hospitais e 12 mil nos centros de saúde, lembra a dirigente. Entre 2003 e 2007 em todos os hospitais foram admitidos apenas 1100 profissionais.
In Jornal Público 14 de janeiro de 2008

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