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terça-feira, 13 de março de 2012

Kony 2012

Kony 2012:

Esta parece ser a luta da moda, um grupo de brancos usando de um dos seus filhos, pequenino, branco e lourinho, como todos nós gostamos, criaram um vídeo bonito, comovente que em 5 dias teve mais de 50 milhões visualizações. Para quem não viu o vídeo, vamos ver e pode ser que se comovam um pouco e depois continuamos a conversar: 



 
OK, limpem a lágrima!
No final do vídeo, nas descrições, há um detalhe importante: Antes de nos darem o link do website para obtermos mais informações, pois poderíamos ir também ao um motor de busca buscar informação externa. Eles dão-nos primeiro o link para doar uns trocos, os trocos inerentes a uma lágrima comovida ao ver este mini-filme dramático. Não! Primeiro informação e depois veremos se vale a pena abrir a carteira. Por isso fechem a certeira por uns momentos e deixem-me terminar. 
Kony 2012 é supostamente uma forma de protesto para „obrigar“ as autoridades a agir sobre um guerrilheiro criminoso no Uganda tornando-o conhecido internacionalmente através de um protesto global. Este grupo chamado de „Invisible Children“ trabalha na base „Problema, reacção, solução“, estão a pegar num criminoso, tornando-o conhecido como forma de nos apresentarem um problema, a população ao começar a falar disto vai exigir uma solução e tropas internacionais entram no Uganda tomando controlo dos recursos naturais e esta organização fica rica (vão perceber dentro de umas linhas).
Vamos ver o site deles http://www.invisiblechildren.com mais um vez temos a opção de „Doar“ antes da opção de ver „o que fazemos“


Mas o importante no site é a recente novidade, e digo recente pois só foi colocada há muito pouco tempo quando o grupo começou a ser exposto. A novidade é este gráfico de despesas: 


O gráfico é acompanhado por uma outra novidade: Os relatórios financeiros desde de 2009: http://www.invisiblechildren.com/financials.html Este grupo vende T-shirts a 25 dólares para ajudar a campanha, uma porcaria de kit de ativista com duas pulseiras uns autocolantes, uns cartazes, e acho que ficava bem um preservativo com a cara do Kony, por 30 dólares e ainda pedem uma pequena ajuda mensal para manter a campanha viva. Na verdade e na minha modesta opinião, estes gajos não passam de um grupo de filhos da puta que iniciaram mais um negócio da moda. Mais uma organização humanitária que nos enche de propaganda como forma de obter lucro fácil. Este grupo gerou em 2011 mais de 10 milhões de dólares e destes, menos de 2 milhões chegaram ao Uganda e dos 2 milhões que chegaram ao pais menos de meio milhão foi usado para os fins publicitados. As pessoas na frente desta organização possuem um vencimento de 80 mil dólares por ano e recusam-se a prestar contas a uma das instituições que investiga estes grupos "humanitários" onde por lei mais de 60% dos rendimentos devem de ir para a caridade anunciada. 



Mas como isto foi tornado publico resolveram publicar aquele gráfico e uns relatórios de despesas que não permitem que entidades reguladoras confirmem. Entidades como: http://www.bbb.org/charity-reviews/national/children-and-youth/invisible-children-in-san-diego-ca-4469, que não tiveram acesso a documentação nenhuma desta organização, pois a BBB investiga antes de dar a sua opinião e a sua opinião foi:




Por outro lado uma outra organização que não investiga e aceita tudo o que uma caridade lhes diz, publicou algo muito giro e que deixa passar uma imagem limpa dos Invisible Children: http://www.charitynavigator.org/index.cfm?bay=search.summary&orgid=12429. Parece tudo muito bem até perto do final onde lemos:




Parece que é uma caridade bem lucrativa tendo terminado o ano de 2011 com quase 5 milhões de dólares „assumidos“ no bolso, mesmo depois de gastar mais de 1 milhão em despesas „administrativas“. Isto em 2011 quando pouco se falava do Kony, mas agora em 2012 eles estão a atacar a sério, enchendo a net de vídeos e o mundo de T-shirts, pulseiras e cartazes. Na verdade as despesas não se alteraram pois um aumento de produção de cartazes e T-Shirts  é pago por um aumento das compras com os preços inflacionados a 1000%, mas os lucros nos donativos podem ser multiplicados por 5 ou por 10. 
Este grupo gaba-se de ter conseguido pressionar o governo Americano de Obama a colocar um grupo de 100 soldados Americanos no Uganda a treinar as tropas governamentais para que capturem Kony. Dizem ter conseguido isto após uma acção de sensibilização da opinião publica. Quando na verdade esse grupo de soldados já está no pais desde 2007, enviado por Bush, mais precisamente quando se descobriram poços de petróleo com uma capacidade 2,5 biliões de barris de petróleo junta da fronteira com o Congo e exatamente na zona onde está Kony. 
Isto só serve para mostrar a diferença entre activistas e propagandistas pois se o importante fosse realmente a ideia não seria necessário mentir por forma a reforçar essa ideia pois assim sendo não estamos na presença de uma ideia mas sim de propaganda. Eu conheço imensos activistas mas acreditem que há muitos mais a usar deste "titulo" para propaganda, para negocio.
  
Kony 2012 é uma farsa. Até ao dia 20 de Abril em que planeiam encher as capitais do mundo, na noite de 19 para 20 de Abril de cartazes Kony 2012. Grupos de jovens bem intencionados, mas completamente ceguinhos vão arranjar forma de comprar imensas quantidades de cartazes a esta organização para fazer esta palhaçada em que a maioria das pessoais ao ler "Kony 2012" vai achar que mais umas eleições estão próximas e depois da merda feita por um Sócrates um Kony não vai fazer pior.
Em todo o vídeo, o seu autor diz uma coisa muito acertada. Ele com isto quer proporcionar ao seu filho a oportunidade de crescer num mundo melhor do que aquele em que o pai cresceu e isto traduz-se como: No mundo dos milionários
Não há nada mais poderoso que uma ideia! Quando essa ideia é o que nos move! O problema é que raramente a ideia é o programa apresentado e se a minha ideia é ficar rico custe o que custar, o activismo mendigo é o negocio do século! 

O activismo, a vontade de espalhar informação e opinião é uma ideia bem formada e argumentada que nos move, mas quando fazemos dessa ideia uma profissão, acabou, toda a mensagem perde valor pois deixamos de dar a liberdade necessária para que a ideia cresça e passamos molda-la de acordo com o programa económico-financeiro ao qual nos rendemos.  
Querem ajudar alguém, ajudem! Ninguém vos impede. Mas devemos ajudar por quereremos ajudar e não abrir a carteira e dar uma nota de 50 Euros a um intermediario que primeiro faz uma pausa numa pastelaria e come uma tosta-mista e bebe um café, depois coloca 20 Euros de gasolina e passados 6 meses vai de Mercedes a vossa casa mostrar-vos uma fotografia de um puto na Somália com uma bola de futebol de 1,5 feita de preservativos reciclados na China e diz-vos que forma vocês que uniram a bola e o menino.  Depois pede-vos para imaginarem o que poderiam fazer com 100 Euros.
Dar dinheiro é uma forma de nos enganarmos a nos próprios: „eu fiz algo, dei 50 Euros um tipo que diz que deu uma bola e uma sandes de torresmo a um puto em África“. Se gostam de dar, podem dar,  começando pela vossa comunidade. Será que ajudar um menino em África que recebe 1 euro dos 50 que mandam (por vezes nem isso), da mais satisfação do que ajudar um idoso que passa um inverno a dormir na rua da vossa cidade? Será que o Kony sendo o filho da puta que é, é mais filho da puta do que o governo do Uganda que mantém o pais na miséria e que usa o Kony para causar medo e desta forma manter o poder? Não me lixem! Os Invisible Children não passam de uma versão moderna da Caritas, mas sem velhinhas a pedir na rua em troca de autocolantes. Estes possuem conhecimentos de Photoshop, edição de vídeo, Redes Sociais e a lábia necessária para se fazerem ouvir aliada a uma, economicamente útil, queda para o dramático.

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