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domingo, 25 de abril de 2010

A vida é uma coisa estranha...

A vida é uma coisa estranha...: "A senhora E. entrou no serviço de cardiologia no dia 30/01/2010 com o diagnóstico Insuficiencia Cardiaca + Insuficiencia Mitral Severa. Com 72 anos, apresentava algumas das consequencias deste tipo de patologias cardíacas: dispneia, hipotensão, vértigo, nauseas...

O estado dela foi-se agravando aos poucos... Um dia estava optima, outro dia muito decaída. Um dia bem disposta com muito humor negro, outro dia apática.
Todos os dias, os filhos a visitavam, ficavam um bom par de horas durante a tarde a ver tv, a jogar cartas, a conversar com a senhora, enfim...

Mas as dispneias tornaram-se muito constantes, principalmente no turno da noite até que por decisão médica e familiar em meados Fevereiro iniciou-se o tratamento com alprazolam e morfina oral para que sentisse mais relaxada e menos ansiosa, como também avisaram que em caso de paro cardiorespiratório não efectuassemos quaisquer medidas de ressurreição.

Em Março, uma das filhas me comentou que se iria casar. A senhora E. estava com períodos de desorientação, principalmente a nível de tempo, com anorexia por a propria comida lhe causar 'ahogos'... Quando a filha me contou em que dia se casaria, de imediato comecei a fazer de contas de cabeça para premeditar uma possível morte de sua mãe.

Todos os dias a senhora E. perguntava à filha 'é hoje que te casas?'

Pelo facto de esta senhora estar internada tanto tempo no serviço de cardio, a equipa criou uma excelente relação com a senhora E. e com a família que se demonstrava atenciosa com a mãe e bastante compreensiva com o nosso empenho.

Esta manhã encontrei a senhora E. muito sorridente, acompanhada por dois dos seus filhos vestidos a rigor... 'é hoje que a minha filha se casa...', me disse ela.

Às 12h30, a filha apareceu na Clínica vestida de noiva, com um pedaço de bolo.
Às 15h25, chamaram-me por mim a avisar que a senhora estava com uma respiração gorgolejante, mal entro no quarto oiço-a a dar o ultimo suspiro.
Às 15h30 coube-me a mim cerrar os olhos e retirar a mascarilha de oxigenio e o cateter EV. A senhora E. faleceu muito tranquilamente, acompanhada por uma familiar, sem sofrimento, enquanto dormia a sua sesta...

"

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