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sábado, 3 de abril de 2010

...e o jornalismo de "caca", também - a melhor resposta que li até agora

...e o jornalismo de "caca", também: "








Carta aberta ao Digmº Director do Jornal Expresso (link)

Fora de tempo e a despropósito, vem este promitente jornalista dizer que 'a lata dos enfermeiros continua'. E a "caca" de jornalismo, também, dizemos nós.

Do fim para o princípio (ou por ordem crescrente de 'exigibilidade'):

IV- da ignorancia como legitimação da falácia:

1. “O dr. enfermeiro já é demasiado fino para limpar o rabo aos velhinhos”...Oh senhor escriturário estagiário, a ver se nos entendemos. Como já disse o Paulo, 'andebol, mão, futebol, pé', ou seja,
Auxiliar de geriatria = 4º ano de escolaridade e tirocínio; mais recentemente, curso de formação no programa Novas Oportunidades, saída com nível II CE (equivalência ao 9º ano); Dignidade da profissão: Absoluta;
Enfermeiro = 12º Ano e uma média mínima de entrada na universidade praticamente em paridade com medicina; licenciatura de 4 anos (agora reduzida em 1 ano por Bolonha, tal como as demais) com carga horária efectiva de 1.5 em relação à media das restantes licenciaturas; Dignidade da profissão: Absoluta.

Auxiliar de geriatria = auxiliar motor ou de cuidados pessoais;
Enfermeiro = Técnico superior de saúde, especializado em cuidados de saúde
Auxiliar de geriatria = Centros de dia, lares de terceira idade/residências seniores;
Enfermeiro = Unidades de saúde (Hospitais, Clínicas, Centros de Saúde, etc.), cuidados primários de saúde, saúde comunitária, urgências, cuidados intensivos, unidades de agudos, etc.;
...
Andebol = mão,
Futebol = pé…
...
2. 'É como se os enfermeiros estivessem a gritar contra os médicos: 'olhem, olhem, nós agora também somos licenciados, e sabemos tanto como vocês'...
para além de fazer notar que não tem porque colocar uma vírgula antes da preposição, não sei mais que lhe diga. O delírio é do (f)autor. Ainda assim, nem ele consegue passar ao lado da verdade...
3. 'Quando se fala com os enfermeiros, parece existir sempre uma espécie de ressentimento 'classista' contra os médicos'...
Bem, aqui o delírio já passa a esquizofrenia. Mas sobre 'classismo' e 'corporativismo' a questão está invertida, o problema é histórico e as consequencias são bem amargas, já para não dizer drásticas. Embora esse seja um assunto para abordar mais abaixo (ou mais acima, dependendo da perspectiva).

4. 'Dentro do hospital, o médico é superior ao enfermeiro. Lamento, mas as coisas são assim, por mais lógicas corporativas que os enfermeiros invoquem. O corporativismo sindical não pode abolir as óbvias diferenças técnicas e de responsabilidade que existem dentro de um hospital'.
Isto sim, além de ignorância, é 'classismo' puro. Quando o prezado tabelião fala nas 'óbvias diferenças" refere-se não às obvias - pelo contrário, são subliminares e ocultas - mas às diferenças historicamente instaladas por classismo e domínio corporativo. As diferenças que existem de facto são estritamente de ordem técnico-funcional e da especifidade clínica.

Resulta tão estranha quanto dificil de explicar a origem desta sugestão idiota e titeriteira do que é o acto médico ou a medicina. O médico não é superior do enfermeiro, pelo contrário, num mesmo processo de tratamento podem até alternar os papeis (ou a posição) várias vezes. O médico é par do enfermeiro, com ele coordenando e articulando toda uma acção clínica onde, em termos de conteúdos funcionais, têm, necessáriamente, diferenças, para poderem agir em inter-disciplicaridade.
Não é regulamentar nem tem que se praticar esse modelo de hierarquia militar. Aliás, nem a hierarquia militar é absoluta, caso contrário, o Capelão (quase sempre Tenente, Capitão ou, no máximo, Major) teria obrigatoriamente que, por determinação hierárquica ou do regulamento militar, absolver e salvar as almas de todas as patentes superiores. O médico é regido por um código deontológico, reporta ao seu director clínico, assim como o enfermeiro é regido pelo seu código deontológico e reporta ao seu director de enfermagem. Não sei que paradigmas inculcou na sua cripto-corporativista cabeça o escrevente mas nem o médico é Capitão nem o Enfermeiro é Sargento. Serão ambos oficiais capitães, cada um na sua "arma" e em articulação interdisciplinar. Em última instância, ambos obdecem ao interesse do paciente e ao seu desígnio de saúde. Aliás, em termos de hierarquia orgânica, acontece mais frequentemente o contrário: por razões que seria longo detalhar a quem tão pouco sabe e de nada, são mais os directores de serviços e de unidades enfermeiros que médicos. Até em termos de direcção Hospitalar.

5. 'A diferença entre os 1500 euros do jovem médico e os 1000 euros do jovem enfermeiro é a diferença justa. Aliás, parece-me que já beneficia, e muito, o enfermeiro. Porque a responsabilidade do médico é, obviamente, superior à do enfermeiro'.

Antes de mais, já cansa esta coisa do 'óbvio' e do 'obviamente'. Este tipo de afirmações estão para a verdade das ideias como alguns carimbos estão para a falsificação de assinaturas. Descanse o evangelista Raposo que se for óbvio, todos veremos.
Por outro lado, as setenças piores de suportar, por inéptas, inúteis e ridículas, são aquelas que contêm em si mesmas a sua negação. É que um 'jovem médico' e um 'jovem enfermeiro' não estão no mesmo estádio técnico-profissional. O jovem médico é isso mesmo, terminou a licenciatura e começa agora o período de internato (actualmente reduzido a um ano, ainda há pouco eram dois e antes disso...) exercendo (ou praticando) numa esfera de responsabilidade ainda muito reduzida, partilhada e diluida: Ocupa neste processo de estagio um profissional (um médico) senior e rende, em termos de produtividade, um factor de 0,5 (50%). E esperam-no ainda os quatro anos de especialidade. Em contrapartida, o jovem enfermeiro é um técnico de saúde pronto, ainda que possa ser 'civilmente' jovem.

Em matéria objectivável ou susceptível de verificação não tem porque haver os 'eu acho', os 'é óbvio", ou os "na minha opinião". Se se querem fazer comparações, a análise de funções e a valoração (e valorização) do trabalho só pode ser feita com recurso a critérios valorimétricos para o trabalho (e não a meros classismos históricos). Ou seja, desmontando cada componente corpórea e incorpórea (incluindo esforço emocional, responsabilidade, risco e muitos outros elementos) do trabalho e do esforço; além das unidades de obra produzidas, i.e., da produtividade, evidentemente.

Vejamos então se é justa a diferença como arguiu o inopinado mandatário dos médicos:
- A um jovem médico em início do seu longo estágio é atribuida a remuneração nominal de 1.500 euros. Ora este jovem médico, no processo de internato, envolve e ocupa uma boa parte do tempo do profissional sénior que o orienta, subindo o seu custo salarial "composto" para valores entre os 2.250 eos 2.500 euros. Se projectarmos a sua produtividade de 0,5 para 1 (100%), representa um mínimo de 4.500 euros.

- Já o jovem enfermeiro (assim como outros jovens técnicos superiores de saúde), além de licenciado, está também tecnicamente diplomado para exercer. Por isso e para isso teve a tal carga horária de 1.5 em relação às demais licenciaturas, incluindo estágios paralelos e permanentes que teve que frequentar até quando os demais universitários (incluindo os de medicina) estavam no normal e justo gozo das férias lectivas. Cursos de enfermagem há - universitários, desde logo - que exigiram do estudante de enfermagem em 4 anos o que em medicina se terá exigido em seis. Logo, nisto como na média escolar, estão em suficiente paridade. Além disso, é consentido a esses mesmos estudante de enfermagem o mesmo regime de férias que tem qualquer outro trabalhador numa empresa, o mês de Agosto, dois dias no Natal e dois na Páscoa, além de nos estágios estes já fazerem turnos, noites e fins de semana. Estamos esclarecidos sobre a paridade em matéria de exigência e esforço escolares. Naturalmente que, como a qualquer outro profissional, o tempo dará ao enfermeiro segurança e maturidade. De qualquer modo, entre três e seis semanas depois de admitido ao serviço, um enfermeiro está perto do factor 1 (100%) de produtividade. O mesmo acontecendo quanto aos demais aspectos a incluir na valorimetria, como, a)responsabilidade, b)entrega, c)tempo efectivo de serviço, d)turnos e desfasamentos, e)condicionamento de vida pessoal e familiar, etc. Mas mesmo aceitando falar apenas do dinheiro (directa ou indirectamente atribuído), estaremos assim a comparar uma remuneração (efectiva e global) de 4.500 euros com outra de 1.000 euros (~25%). Ainda parece justa a diferença ao ilustre causídico de circunstância?...
E quanto a investimento e dividendos para o futuro? Quantos casos de enfermeiros conhece o o imérito arauto que, depois de fazerem o internato e a especialidade nos hospitais públicos possam vir estabelecer-se no sector privado, em acumulação com o serviço no público e possam lograr os proveitos de um médico? Ou quantos enfermeiros, radiologistas, fisioterapeutas, conhece o autor do desmodado almanaque que tenham ao seu dispor muitos outros benefícios que constituem, queira-se ou não, remuneração objectiva?

Depois, a falácia da responsabilidade é, porventura, a mais aberrativa do disruptivo discurso. Estamos a falar dos médicos em geral, não dos cirurgiões em particular e em sede de bloco operatório. Mas até no bloco a responsabilidade é partilhada e por muita gente. Tal como sobre esta matéria nos comentou um científica, tecnica e profissionalmente conceituada médico, 'o resultado final de uma cirurgia envolve mais de 10 técnicos especialistas, desde o diagnóstico, a imageologia, depois os vários técnicos no bloco, por fim a recuperação, etc.'. O paradigma hospitalar não se avalia nem pelo non-sense inspectivo da série Dr House nem pela intensa actividade hormonal dos personagens de Anatomia de Gray (link). A responsabilidade é, ela própria, um fluxo transversal a toda a actividade clínica (link). Talvez o reporter devesse ver menos séries americanas e deter-se mais e melhor na nossa realidade hospitalar.

Concluindo este capítulo - apenas se aflorou o essencial, imagíne-se quantas desigualdades e incongruências mais haveria que processar - não nos incomodaria fazer esta projecção afectando factores político sociais (e de filosofia política e retributiva) mais ao gosto do arvorado gazetista, mais liberais, em suma, mais Nozickianos. Mas à luz desse sistema redistributivo do 'justo título', senhor (des)articulista, e acrescentando ao que já vimos as diferenças entre o que custa ao Estado (ou ao erário) um curso de medicina e um de enfermagem, os pobres médicos teriam que pagar durante os primeiros 10 anos de carreira, em vez de receber.

Por isso, não prefere V/Sa, sr ministro do improvável, deixar que vá vigorando uma política redistributiva mais equalitária, que seja vigente o princípio da legalidade e não meter achas numa fogueira de pares que estes, sabiamente - também com a prestação dos enfermeiros, radiologistas e outros técnicos de saúde - vêm resolvendo, assim pondo fim aos anacronismos feudais e nobiliárquicos no sector da saúde, ao mesmo tempo que vão consolidando o sistema clínico matricial em que operam as as especialidades e definindo um novo, mais correcto, mais seguro e mais sadio modelo funcional na saúde ?...
Felizmente, a esmagadora maioria de jovens médicos, jovens enfermeiros, jovens radiologistas, jovens anátemopatologistas (etc.) pensam ao contrário de si. Depois de um turno nas urgências, por exemplo, que a todos envolveu, ocupou, responsabilizou e stressou, por igual, atendendo sinistrados e doentes, paragens cardiorespiratórias, ataques de pânico, enfim, todo aquele catálogo de patologias que são a hora-a-hora dos técnicos de saúde numa urgência hospitalar, e partindo do jovem médico o desafio de "quando sairmos, que tal, para relaxar, tomarmos um cerveja e comermos uma francesinha antes de ir dormir?', a última coisa que o jovem médico desejaria era que entre os seus pares houvesse quem se recusasse a ir por não ganhar o suficiente para aguentar aquela despesa.


III - Do sofrível jornalismo
1. Compulsado e avaliado criticamente o articulado 'pascal' deste escriba farisaico (e passando ao lado do seu manifesto e crixificador ódio, quer institucional, quer humano, pelos enfermeiros e pela sua profissão), não há forma de contornar o incontornável: ou ele é burro (e não meramente ignorante porque o ignorante apreende e integra as suas limitações) e é estúpido (i.e., o burro presumido, arrivista e jactante), ou é desonesto, ou é uma esquisita simbiose, ou desinteriose disso tudo junto.


2. Não se revelaria, contudo, muito útil inperpelar o "articulista" porque se é verdade que "quem não vê é como quem não sabe', é mais verdade ainda que quem não sabe é como quem não vê, não ouve, não sente, não cheira, está completamente 'bôto' dos sentidos.
Em suma, são tantas e tais as asneiras e as enormidades e é tal a falta de rigor e de consubstanciação técnica desta 'crónica' (sim, também se pode chamar 'crónica' a qualquer coisa que, sem forma definida, sem utilidade, sem verosimilhança, sem bondade ou seriedade mínima de intenções, ainda assim, ameace tornar-se crónica), que ao - ou para o - 'copista' não vale a pena falar. Mas ao Jornal, ao Chefe de Redacção, ao Director...Céus, estão todos cegos? Face a estas e a muitas outras manifestações escatológicas deste aprendiz de tipógrafo, afinal o o apelido dele é Raposo, é Cunha, é Amparado?...
Nas monarquias havia assim uns moços que não levavam o apelido familiar do Rei mas a quem este mantinha lá pela Corte e a quem concedia umas liberdades parecidas por razões... Bom, mas isso agora não interessa nada, o que se impõe perguntar é (e, tem piada, já em post anterior passamos perto do (múltiplo) tema, 'Os jornalistas provéem de escolha divina e da ractificação cardinalícia das Redacções'), quem outorgou o jornalismo a esta...raposa?...

3. Se isto é 'liberdade de expressão', se 'liberdade de expressão' é o asneiredo acéfalo, a verborreia incontida, se são os berbigotos intelectuais e outras cuspidelas impressas, também nós reclamamos liberdade para cuspir. Queremos cuspir na sopa do pai deste jornalista, da mesma forma que este cuspiu na sopa dos enfermeiros/as e na dos pais dos enfermeiros/as e até na dos/as utentes hospitalares que têm nos/as enfermeiros/as um pilar securizante.


Sr Director do Expresso, que critérios jornalísticos são estes?
Já não bastava o paradigma do Crespo calvo, agora vamos ter crespos calvos...imberbes?...


Sr Director do Expresso, então e as questões de forma (e não nos referimos à forma capitular do 'artigo', ao pretensiosismo estriónico de usar numeração romana para 'capítulos' de meia linha ou linha e meia (aliás, bem pode o dactilógrafo dactilogritar em tamanho XXL que nem por isso reescreverá "Os Lusíadas') mas sim a questões de forma que têm que ver, sobretudo, com a substância.
Admito que um jornal tenha este e outros colunistas certificados por RVCC, mas...e a pedagogia, a exactidaão dos dados, o rigor da informação (mesmo que seja em matéria de opinião), Senhor Director?...

Depois, que cronista é este que começa por onde apenas se pode acabar, isto é, pelas conclusões e considerações?...


4. Não vou pedir-lhe que mande formar este jornalista, nunca peço nada que eu próprio não considere exequível e, neste caso, confesso que não saberia sequer por onde lhe pegar: fala do que não sabe e como não deve; compara o imcomparável; usa critérios emotivos, ou familiares, ou parentais, ou corporativos, projectando, de seguida, o corporativismo nos acusados; dita professoralmente matérias sem a mínima base valorimétrica consistente; não faz apelo a bases ou pressupostos consensuais ou objectivamente verificáveis; tampouco fundamenta minimamente; desconhece a essência do que é fundamental e os fundamentos do essencial. Enfim, é de uma ignorância confrangedora e praticamente impossível de consertar, tanta é a petulância. V/Excia conhecerá a parábola do 'Homem Novo' (Assim falavra Zaratrusta). Pois bem, este seu incipiente escrivão não só não começou a subir a montanha como parece desconhecer de todo que ainda tem uma escalada para fazer!...


5. Além do mais, saberá V/Excia que é impossível não nos perguntarmos sobre os seus (os seus, seus, exactamente) propósitos?...De facto, vivemos um tempo em que até o jornalismo nos confunde, às vezes parece viver-se um modelo de guerrilha experimental, um vandalismo intelectual inócuo e inusitado. Mas preferiria - serei conservador, admito - um vandalismo formal, reconhecível, uns tipos que partissem umas vidraças , uns molotovs, enfim...



II - das 'boleias' corporativas
1. Mas...e se isto for, afinal, apócrifo, isto é, e se o Raposo nem sequer existir e o artigo tiver, afinal, autoria e proveniência bem mais concretas?...
2. É que - e perdoe V/Excia - resulta de tal forma claro o classismo de exclusão, que mais parece ter o 'pasquim' saído do 'punho' daquela ordem graças à qual - e por força, ou consequência, do seu corporativismo elitista, restritivo e anquilosante - actualmente temos, um caótico e desconsertante sector de Saúde onde se recenciam, respectivamente,
a) médicos reciclados (aqueles que, começando por se aposentar, são posteriormente (re)contratados para voltarem ao posto de trabalho, dada a falta de médicos nas unidades de saúde e hospitais - seria a estes velhinhos que o periodista se referia, ao falar de limpar o dito?);

b) médicos de contrabando (aqueles estudantes de cá que vão fazer os cursos de lá, entrando não importa com que médias, para depois regressarem e exercerem no sistema de cá);

c) medicina de contrafacção (já que outra coisa não se poderá chamar aos tais cursos de lá onde se entra não importa com que media, que decorrem sem grande exigência escolar e com duvidosos planos curriculares, etc.);

d) Importação de médicos em massa da América Latina, ao abrigo de programas e medidas governamentais, pelas razões referidas em a)),
e) ao ponto da língua mais falada hoje em dia nos hospitais e centros de saúde portugueses ser o castelhano (peninsular ou sul-americano)...

Estaremos em presença de um neo-antisemitismo contra alguns técnicos superiores de saúde?...



I - da cegueira políticosocial e da insensibilidade social
1. Não me espanta que o jovem fotografado 'tipo passe' no banner da crónica em apreço o não saiba. Mas V/Excia, Senhor Director do Expresso, bem como o seu Chefe de Redacção, saberão que,
a) Para entrar numa escola superior de enfermagem, um estudante tem que ter uma média practicamente pareada com a de medicina (cerca de 18 valores)?...
b) que as 'directrizes ordísticas' chegaram a tal ponto que a média se contra até ao 4º dígito?...
c) que muitos dos enfermeiros não entraram em medicina por 3 centésimas e ao optarem por enfermagem - e pela vida de missionários que os espera - revelaram afinal uma vocação para a saúde porventura maior do que a de alguns dos estudantes entrados em medicina?...
d) que das últimas gerações de enfermeiros formados, a esmagadora maioria está a ser deportada para Espanha, França, Suiça, Inglaterra, etc?...

e) ao mesmo tempo que se reciclam médicos (porque não há os suficientes no activo), que se importam médicos estrangeiros e se integram os portugueses que foram fazer medicina lá fora com médias de onzes, dozes, trezes e catorzes?...
2. Também nos não causa espanto que o o jovem mancebo que - supostamente - subscreve as atoardas em referência não tenha disso a menor noção. Mas V/Excias e os demais seniores seus pares saberão que


a) os estudantes se mortificaram para conseguir os tais quase dezoito até ao 12º (incluindo os exames nacionais),
b) entrando em enfermagem, uns, como primeira opção, outros, porque faltaram as tais 3 centésimas,
c) depois fizeram 4 anos de escola de enfermagem com cargas diárias de 12 a 14 horas (tempo lectivo e estágios paralelos permanentes), em níveis de exigência que lhes roubaram precocemente a juventude.

3. Visto isto - e não será o Expresso dirigido por um piloto electrónico ou a Chefia de Redacção desempenhada por um atendedor automático - onde está a Vossa sensibilidade social?...
Já pensaram na perda, na tristeza, na amargura dos pais cujos filhos (e da perda, tristeza e amargura reflexa daqueles), depois de um sacrifício, no mínimo, técnica, intelectual e cientificamente ao nível dos seus demais pares dos cursos de saúde, se vêm obrigados a emigrar em massa, assim sendo retirados à sua parentalidade, à sua família, ao seu convívio, ao mesmo tempo que são obrigados a adoptar, por arbítrio administrativo, jovens médicos/as bolivianos/as, venezuelanos/as e a apassarem a ser tratados em língua madrasta ('usted, de qué se queja'?...) em vez de serem tratados pelos seus e na língua materna?...

Que país é este que rouba filhos às mães e lhes impõe enteados?

Por isso, Senhor Director do jornal, Senhor Chefe de Redacção, Senhor Balsemão, destes navios armador e dos crespos, calvos e imberbes, patrão, afinal isto não são meras questões de liberdade de expressão, pois não?...
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