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Quem manda?

Já aqui escrevi sobre as pretensões do Primeiro Ministro Britânico ("we want to put Nurses in control" link) em colocar os Enfermeiros a gerir o NHS (equivalente aos nosso SNS). Não apenas gerir, mas também atribuir-lhe um papel-pivô com competência acrescidas (skill upgrade), fundamental para a dinamização do Sistema de Saúde.
Os primeiros resultados começam agora a ser publicados e são um verdadeiro e notável sucesso:
"A Nurse-led service for patients needing long-term venous access has reduced waiting times and resulted in fewer complications" link
"The management and care of patients in Greater Glasgow and Clyde needing long-term vascular access has changed markedly over the past six years. A nurse-led vascular access service has been introduced to reduce waiting times for patients requiring long-term venous access for treatments such as chemotherapy, long-term antibiotics, renal dialysis and feeding. Nurses in the service now insert tunnelled central venous catheters (TCVCs) and also educate and train other healthcare professionals. This service has led to a reduction in complications and provided a source of expert advice for both patients and healthcare professionals"
"Nurse model speeds up service for renal patients" link
"Nurses at Salford Royal NHS Foundation Trust set up the service last June after a local audit found the trust was not meeting recommended guidelines on vascular access for patients requiring long-term haemodialysis.
According to the National Service Framework for Renal Services, lauched in 2004, an arteriovenous (AV) fistula – formed by connecting a vein to an artery – provides the best long-term vascular access for patients requiring dialysis.
The Renal Association recommends that 80% of patients who need long-term dialysis should have an AV fistula, yet the 2008 audit of renal services at Salford found only 67% of patients were having the procedure.
However, latest audit data from January this year revealed a 14% increase in the number of patients having AV fistulas since the introduction of the new nurse-led service. There has also been a significant drop in the number of patients being admitted for complications associated with vascular access – from 44% in 2007 to just 25% in January 2009.
As part of the service, specialist nurses, who have undertaken new skills training, now coordinate the care of all patients requiring surgery for vascular access. This would have previously been done by a mixture of healthcare professionals, led by medical staff. As a result, the service has become less fragmented and smoother for the patient."
According to the National Service Framework for Renal Services, lauched in 2004, an arteriovenous (AV) fistula – formed by connecting a vein to an artery – provides the best long-term vascular access for patients requiring dialysis.
The Renal Association recommends that 80% of patients who need long-term dialysis should have an AV fistula, yet the 2008 audit of renal services at Salford found only 67% of patients were having the procedure.
However, latest audit data from January this year revealed a 14% increase in the number of patients having AV fistulas since the introduction of the new nurse-led service. There has also been a significant drop in the number of patients being admitted for complications associated with vascular access – from 44% in 2007 to just 25% in January 2009.
As part of the service, specialist nurses, who have undertaken new skills training, now coordinate the care of all patients requiring surgery for vascular access. This would have previously been done by a mixture of healthcare professionals, led by medical staff. As a result, the service has become less fragmented and smoother for the patient."
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"A Nurse-led service for pre-operative pain management in hip fracture" link
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"Traditionally, doctors working in anaesthesia or A&E were taught how to perform a femoral nerve block (FNB) and if they had time patients would be given a block before being transferred to general wards."
"We felt it could be possible to train nurses to perform the nerve block and that a nurse-led service would deliver a higher standard of care owing to the development and accumulation of expertise. The net result would be more effective analgesia and a reduction in adverse effects from opioids."
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Ordem dos Enfermeiros apoia reintrodução dos Auxiliares de Enfermagem em Portugal?

Portugal é dos únicos países do mundo que detém uma classe de Enfermagem all-graduate, ou seja, só existe um classe de Enfermeiros (diplomados, no nosso caso licenciados). Não existe Auxiliares ou Técnicos de Enfermagem. Os mais novos não se recordam, outros talvez nem saibam, mas em tempos os auxiliares foram uma realidade, mas foram os seus cursos foram extintos há mais de 30 anos.
Conhecer a nossa história é importante para a contextualização...
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"As antigas Auxiliares de Enfermagem, recorde-se que a sua criação, em Portugal, remonta a 1947, tendo sido então uma solução adhoc para suprir a falta de enfermeiros diplomados. Esta situação não é especificamente portuguesa, aconteceu na maioria dos países europeus." link
Durante os anos 50, torna-se cada vez mais difícil satisfazer a procura de Enfermeiros hospitalares. O problema agrava-se nos anos 60 quando as Escolas de Enfermagem foram integradas no ensino superior. As estudantes de Enfermagem passam a estagiar menos tempo nos hospitais e a dedicar-se mais aos livros e às aulas. A falta de pessoal de Enfermagem nos hospitais agudiza-se, o que leva à criação de curtos programas de formação para auxiliares de enfermagem. O número de Auxiliares de Enfermagem, com formação profissional, em breve será superior ao das registered nurses (RN)." link
"Em Portugal, entre 1965 e 1974, o número de auxiliares de enfermagem que se formavam anualmente era cinco vezes superior (cerca de mil) ao número de Enfermeiros com o curso geral (cerca de 200)." link
"A pressão sindical acentuou-se com a Revolução do 25 de Abril. de 1974. Numa conjuntura favorável às reivindicações igualitárias, o Curso de Auxiliares de Enfermagem acabou por ser extinto, tendo os Axiliares, com três anos de serviço no mínimo, sido promovidos ou integrados na carreira de Enfermagem (como enfermeiros de 3ª classe)." link
"Apesar dos problemas que a Enfermagem portuguesa continua a enfrentar, é inegável que o seu estatuto socio-profissional, nos últimos trinta anos, se aproximou do estatuto dos Médicos" link
Após várias décadas, a Ordem dos Enfermeiros (OE) anseia pela reintrodução dos Auxiliares de Enfermagem. Imensos países, entre eles o Reino Unido (com várias classes de Enfermagem), discutem precisamente neste momento as vantagens e desvantagens do retorno à Enfermagem all-graduate (link 1; link 2).
A OE não quer a sua reintrodução de forma voluntária (para já...), mas antes como consequência da flagrante e gritante ingenuidade, falta de inteligência e estratégia. Quando a OE não sabe o que diz (eu farto-me de ensinar - link 1; link 2; link 3; link 4; link 5; link 6; link 7; link 8; link 9), o remetimento ao silêncio é opção mais prudente. É que - parece que ainda não perceberam bem o alcance da estupidez - não se cansam de apregoar e mostrar bem patente que os náufragos se orientam melhor que os órgãos sociais da OE.
O jornal "i", resolveu noticiar algo que já tem barbas - um relatório da OCDE onde se constata que "Portugal está bem de médicos" mas que "faltam Enfermeiros". Antes de mais temos que saber o que comparamos e em que circunstâncias o fazemos. Se comparamos Portugal com o Reino Unido, por exemplo, então Portugal está bem de Médicos. Se a comparação tiver como alvo a Itália, então estamos mal de médicos. No Reino Unido os médicos escasseiam, em Itália abundam (desemprego).
No caso dos Enfermeiros, a comparação é ainda mais errónea (!), isto porque se compara Portugal (sem Auxiliares/Técnicos de Enfermagem) com a Europa (bem dotada de Auxiliares/Técnicos), onde o desemprego e abundância de Enfermeiros granjeia.
Ora se não podemos estabelecer uma comparação entre a alhos e bugalhos, também não podemos comparar rácios de países onde são contabilizados para os rácios Enfermeiros, Auxiliares/Técnicos, Health Care e Nurse Assistants, etc , e Portugal. É uma pura ilusão com uma realidade não extrapolável para o nosso país.
Se o relatório da OCDE sustenta que a média europeia de pessoal de Enfermagem é de 9.6/mil habitantes, em Portugal teríamos de empregar quase 100 mil Enfermeiros para atingir números semelhantes!
Se o subemprego começou quando atingimos a fasquia dos 45 mil e o desemprego emergiu aos 50 mil, como seria a conjuntura com 100 mil Enfermeiros no "mercado"?
A OE ao, sistematicamente, insistir em vivenciar este cenário irreal, está a estimular as mesmas políticas que os outros países encetaram, nomeadamente a reintrodução dos Auxiliares em Enfermagem.
Se com menos de 40 mil Enfermeiros no SNS, o Governo não querem reconhecer o nosso direito legal de auferir um salário semelhante aos licenciados da Administração Pública, o que dizer se fossemos 100 mil?
Não se esqueçam colegas, nos países onde a classe de Enfermagem é maior em termos numéricos, os seus membros são menos diferenciados e habilitados, pior remunerados e as suas condições de exercício profissional mais degradantes (nesta linha de raciocínio, os Auxiliares de Enfermagem são bem vindos - permitem que os Enfermeiros sejam mais bem remunerados; se dediquem à Enfermagem, delegando sob supervisão funções que não exijam destreza/conhecimento/capacidade técnica; impedem a banalização da profissão; orientem a sua prática para a complexidade, propiciando o desenvolvimento de novos campos de acção!).
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Com um discurso monótono e desadequado como este, a OE vai convencer que a estratégia política não vai abonar a nosso favor... os os resultados estão à vista: os técnicos paralelos à Enfermagem surgem a um ritmo alucinante, deixando os Enfermeiros cada vez mais privados de emprego... Há cada vez mais Enfermeiros para cada vez menos vagas disponíveis!
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O galho dos macacos...

Sou teimoso, insistente e por vezes inconveniente, reconheço. Vou voltar uma vez mais a um uma tema que me é querido - os farmacêuticos.
Depois de todas as polémicas que emergiram, sem fundamento, do altruísmo e boa vontade dos doutores das farmácias (coitaditos só querem poupar dinheiro e chatices ao povo português), agora temos o Médico Explica a levantar o dedo acusador:
"A Ordem dos Médicos não ouve rádio! No Rádio Clube Português, durante a manhã há um programa que é o Minuto a Minuto, onde existe uma rubrica sobre saúde cujo nome é Mais Saúde, da autoria de um farmacêutico, Dr. António de Aguiar. Hoje falou-se sobre insuficiência cardíaca."
Os Farmacêuticos, incluindo o Peliteiro, andam incomodados com a eventual dispensa de fármacos pelos médicos. A reflexão impõem-se: os farmacêuticos usurpam ao balcão, a torto-e-a-direito, as funções de todos e ficam amuados quando alguém propõem usurpar as deles. Não lhes reconheci tanta indignação enquanto pululavam de contentes quando se implementou a administração de injectáveis nas farmácias.
Em 2007, apelidei-os de profissionais dos 7 ofícios e em nada errei. Eles aparecem na televisão a publicitar o cartão farmácias portuguesas (mais compras, mais pontos), eles fazem anúncios para tampões higiénicos, eles debitam na rádio conhecimento decorado à pressa respeitante a diagnósticos médicos, eles administram injectáveis e até já realizam pensos, eles escrevem no jornal umas palavras, desinteressantes, a aconselhar produtos naturais inertes a troco de meia dúzia de euros e até fazem spots publicitários para mostrar que são simpáticos enquanto uma das suas mãos repousa na caixa registadora...
Houve já, na blogosfera, quem propusesse aos farmacêuticos passarem filmes de cinema enquanto os clientes esperam...
Fazem-me lembrar o típico homem dos sete instrumentos que toca harmónica, pratos, bombo e sei lá mais o quê...
in: DE
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