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segunda-feira, 28 de julho de 2008

Pobre GUERRA JUNQUEIRO: mais de cem anos depois e ainda ninguém lhe conseguiu tirar a razão...!!! (via mail)

A Pátria da Quinta dos Malandros

Em maré de grandes vultos da escrita portuguesa e das suasopiniões àcerca da política portuguesa, vejam o que Guerra Junqueiro dizia do comportamento do povo português e dos partidos políticos maioritários da altura e como hoje, passados mais de 100 anos, tal testemunho se aplica sem deslocar uma vírgula que seja...

"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio,fatalista esonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos devergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, aenergia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir asmoscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nemonde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e ébom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejomisterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoamorta.
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, nãodescriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter,havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública empantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, damentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na políticaportuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos,absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado dequarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicaçãounânime do País. A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazerdela saca-rolhas.
Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendoambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras,idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero enão se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu noparlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar".
Guerra Junqueiro, 1896.

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