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terça-feira, 30 de outubro de 2012

A crise explicada às crianças

A crise explicada às crianças:
Era uma vez uma família que tinha 100 euros. Viviam felizes – os pais trabalhavam e os filhos andavam na escola. O Rex era o cão da casa e o Tareco era o gato.
Não eram nem mais nem menos do que outra qualquer família da sua terra, a terra das pessoas felizes.
Na televisão iam ouvindo que uns senhores, lá longe, na cidade, onde toda a gente vestia fatos cinzentos e gravatas azuis, andavam a fazer grandes negócios. Faziam coisas grandes, coisas muito grandes. É verdade que também faziam coisas menos grandes e algumas até muito pequenas.
Mas, de uma maneira ou de outra nunca usavam o seu dinheiro. Pediam emprestado. Iam aos bancos e diziam que precisavam de dinheiro para fazer uma rua nova. Faziam de conta que a rua custava 1000 euros, quando ela só custava 500. O Banco emprestava e eles faziam a rua por 500 euros e ficavam com os outros 500 só para eles. Muitas vezes os Bancos que emprestavam eram também parte do grupo que ia fazer a rua nova, mas isso explicamos mais tarde.
Mas, sabemos todos, quando pedimos uma coisa emprestada, temos que devolver. Certo?
Errado.
A família da terra das pessoas felizes não pediu nada emprestado a ninguém. E ainda tem os seus 100 euros.
Houve um dia em que os Bancos exigiram aos senhores dos fatos cinzentos e gravatas azuis o dinheiro que lhes tinham emprestado e que, claro, eles não podiam pagar, como os Bancos sempre souberam – eles tinham pedido dinheiro, mas tinham gasto o dinheiro todo em carros, em férias, em  pulseiras e em roupa.
E foi nesse dia que os homens dos fatos cinzentos e gravatas azuis se lembraram de começar a tirar o dinheiro das pessoas felizes. Elas, que não pediram nada a ninguém, se sempre trabalharam e sempre pagaram o que tinham a pagar.
A família começou por dar parte dos seus 100 euros, mas exigiram mais e os 100 euros não chegaram. Como os homens maus fizeram isto a todas as famílias, houve muita gente que ficou sem dinheiro para comprar comida nos supermercados e eles tiveram que fechar. Muita gente foi então despedida. Aconteceu isso ao pai da família da nossa história.
O Pai não encontrou trabalho e a mãe ficou doente – eles não tinham dinheiro para pagar a sua casa e tiveram que a deixar. Foram viver para casa dos avós – o Tareco e o Rex tiveram que ficar na rua porque não cabiam em casa dos avós.
Não tinham casa, não tinham emprego, não tinham dinheiro.
Deixaram de sorrir, deixaram de ser felizes.
Até o céu, quase sempre azul, ficou cinzento. Choveu.
Os filhos comiam na cantina da escola, onde cada vez mais gente comia. Nunca  a comida da cantina pareceu tão boa. Até a escola parecia mais bonita, apesar de terem visto na televisão que para ser licenciado e viver bem bastava ter um fato cinzento e uma gravata azul.
Os pais e os avós tinham cada vez mais dificuldade em ter dinheiro para comer e até houve dias em que não havia, no único supermercado aberto, comida para comprar.
Os homens dos fatos cinzentos e das gravatas azuis insistiam em tirar coisas aos mais pobres, que agora eram todos.
Houve então um dia em que as pessoas tristes decidiram recuperar o seu TESOURO.
Saíram todos à rua e foram dizer aos homens maus dos fatos cinzentos e das gravatas azuis que estava na hora de partirem e deixarem de roubar as pessoas, agora tristes.
Os homens maus dos fatos cinzentos e das gravatas azuis ainda tentaram explicar que não eram eles os culpados, que eram os estrangeiros que os obrigavam – que era só esperar mais uns dias e tudo ser iria resolver. Mas as pessoas tristes, que começaram a ver o sol a brilhar, não acreditaram em mais mentiras!
O sol voltou a brilhar e a Terra das Pessoas Felizes poderia voltar a existir, desde que as pessoas não voltem a acreditar nos homens maus dos fatos cinzentos e das gravatas azuis.

Tagged: crise, Pedro Passos Coelho, soluções, Troika, vítor gaspar

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