Borges ganhou 225 mil € livres de impostos
António Borges, o consultor do Governo que defendeu  esta semana a redução urgente dos salários, ganhou, em 2011, 225 mil  euros livres de impostos, apurou o CM. Como director do FMI para a  Europa no ano passado, António Borges ganhou cerca de 306 mil dólares  (quase 225 mil euros ao câmbio da altura) isentos de impostos, porque  tinha, como todos os funcionários do FMI, um estatuto de funcionário de  organização internacional (semelhante àquele de que beneficiam os  funcionários das Nações Unidas), o que implica o pagamento de salário  líquido.
Borges trabalhou, até Novembro de 2010,  como administrador da empresa Galeno Participações SGPS. E auferiu um  rendimento anual da ordem dos 350 mil euros, acumulando ainda a  presidência de um fundo de investimento - o Standards Board - em  Londres.
O actual consultor do Governo para as  privatizações e parcerias público-privadas (PPP) foi nomeado director do  departamento do FMI para a Europa em Novembro de 2010 pelo então  director-geral, Dominique Strauss-Kahn, substituindo o polaco Marek  Belka, que se tornou governador do Banco Central da Polónia. Borges  iniciou funções no FMI no final de Novembro de 2010 e desempenhou o  cargo até meados de Novembro de 2011, quando apresentou a sua demissão à  directora-geral, Christine Lagarde, alegando razões pessoais. 
Não  tendo residência em Portugal há vários anos, Borges apenas tem de  entregar a declaração de rendimentos no nosso país se obtiver  rendimentos em Portugal da categoria G, relativa a rendas, ou F,  referente a mais-valias, mas não declara o rendimento do trabalho como  funcionário do FMI, justamente porque está isento de impostos.  Contactado pelo Correio da Manhã, António Borges escusou-se a fazer  comentários. 
TRABALHO DE BORGES É "UM MISTÉRIO"
Marc  Roche, autor de um livro sobre os bastidores do banco Goldman Sachs e  jornalista do ‘Le Monde', considera o trabalho de António Borges no  banco "um mistério". O economista foi vice-presidente da instituição em  Londres entre 2000 e 2008, tendo depois passado pelo Fundo Monetário  Internacional (FMI). "Sei que ele esteve no Goldman Sachs mas não sei o  que é que ele fez ou em que secção trabalhou", afirmou Roche. 
GOVERNO NÃO REVELA ORDENADO
O  Governo não revelou ainda o salário de António Borges como consultor  para a área das privatizações, das parcerias público--privadas (PPP) e  para a reestruturação do sector empresarial do Estado. A única  informação conhecida é que a equipa de cinco economistas liderada por  Borges custa 25 mil euros por mês.
A nomeação de  António Borges para consultor do Executivo foi anunciada pelo próprio  primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, em Fevereiro deste ano. A acção  do ex-director do FMI na Europa como consultor do Governo tem gerado  polémica, a ponto de ter sido ouvido em Maio na comissão parlamentar de  Economia e Obras Públicas por causa da oferta pública de aquisição (OPA)  da brasileira Camargo Corrêa sobre a Cimpor. E os próprios banqueiros  não terão ficado muito satisfeitos com a sua intervenção no processo de  recapitalização da Banca.
Na sexta-feira dia 1 de  Junho, o CM questionou a Parpública sobre o montante do salário de  António Borges como consultor, mas, até ao final desta edição, não  obteve resposta.
Borges, recorde-se, foi vice--presidente do PSD na liderança de Manuela Ferreira Leite até Fevereiro de 2010. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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