Promovendo Saúde Mental | entroncamentoonline.pt
"O meu nome é João Tomás, vivo e trabalho na nossa terra e sou enfermeiro especialista em Saúde Mental. Começo aqui a minha rubrica mensal com pequenos artigos que pretendo nos ajudem a todos a ter melhor Saúde Mental, logo a ser mais felizes e a sentirmos-nos melhor.
Nestes tempos em que a névoa da crise ensombra as nossas cabeças e os /cabeçalhos dos jornais apenas nos trazem preocupações, nunca foi tão difícil manter a nossa Saúde Mental.
Mas o que é isto de Saúde Mental?
Tal como Saúde não é apenas a ausência de doença, Saúde Mental está também muito para além da ausência de doença mental. Isto de se ter Saúde Mental está directamente ligado ao nosso nível de Bem-Estar (psicológico) perante nós e a nossa vida. Significa sentirmos-nos bem connosco e com os outros, em nossa casa, na rua, no trabalho, no café, no clube, etc. Obviamente nem tudo depende de nós, existe uma
grande parte da nossa Saúde Mental que depende do local de trabalho onde estamos ou da cidade onde vivemos, por exemplo, no entanto, a forma como nos conhecemos e como nos dispomos a viver é uma grande parte do trabalho a ser feito. Neste período de crise é extremamente importante manter uma atitude positiva perante a vida, isto é, procurar ver sempre “o copo meio cheio” ao invés do tradicional “meio
vazio”, ou seja, temos de tentar retirar alguma coisa positiva das coisas menos positivas que nos acontecem diariamente, das notícias preocupantes que despejam sobre nós. Difícil? Com certeza, mas nunca se perde nada em tentar… já diz o povo.
Uma grande ideia a mudar na sociedade é que procurar ajuda por não nos sentirmos bem mentalmente é sinal de fraqueza, ou que somos “loucos”. Pedir ajuda a um profissional especializado (Enfermeiro especialista em Saúde Mental, Psiquiatra, Psicólogo, entre outros) é considerado pela sociedade, erradamente, como um sinal de loucura, razão pela qual muitas pessoas que dela necessitam não a buscam.
Temos de encarar a Saúde Mental com a naturalidade com que encaramos a Saúde Física, porque, no fundo, as duas estão tão ligadas que é impossível desligar uma da outra. Logo, se procuramos ajuda quando nos dói um joelho porque não procurar ajuda se sentimos que algo não está bem connosco? Se andamos cansados, desmotivados ou demasiado ansiosos, porque não procuramos solução para estes problemas?
Muitas pessoas no nosso país têm algum tipo de sofrimento mental, em números, 1 em cada 4 portugueses sofre em algum período da sua vida de sofrimento mental, que pode originar doença mental, sendo que 5% a 8% da população portuguesa desenvolve, em cada ano, uma doença mental com um certo grau de
gravidade, no entanto, apenas 1,7% procura ajuda especializada. Tudo isto acontece, muito devido ao estigma social que existe em relação a esta temática.
O ser humano, naturalmente, teme o que desconhece, e que maior mistério para a existência humana do que o funcionamento da sua mente. Para além deste receio natural, o estigma contra o tema da Saúde Mental e, especialmente, contra a Doença Mental desenvolveu-se de outras ideias erradas, tais como:
· Mito : As pessoas com doença mental são agressivas, são capazes de tudo;
· Realidade : Existem, de facto, pessoas mais agressivas e outras menos agressivas. Na verdade, a grande maioria das pessoas na sociedade é pouco agressiva, existindo uma minoria muito pequena de pessoas que é agressiva e violenta. Isto é verdade para todas as pessoas, quer tenham ou não doença mental.
· Mito : As pessoas com doença mental estão assim por que querem, ou porque não tiveram capacidade de organizar a sua vida;
· Realidade : Ninguém tem uma doença mental por que quer. As doenças mentais são como as demais doenças, existem comportamentos de risco é certo, mas a grande maioria das doenças (incluindo as doenças mentais) surgem sem que possamos fazer nada para as evitar.
· Mito : As pessoas com doença mental são incapazes de viver junto dos demais, porque são esquisitos e não se sabem comportar.
· Realidade : É completamente falso que uma pessoa com doença mental não possa viver junto dos demais, estas pessoas são como outra qualquer.
Devidamente acompanhados são pessoas produtivas e completamente integradas na sociedade e nem sequer se repara que têm esta ou aquela doença mental. São completamente “normais”.
Bem-haja a todos."
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