Já ingeri bebidas alcoólicas, sim. Não bebo há muitos anos por razões de saúde que não são o mais indicado para conjugar com o álcool, sim. Mas não posso deixar de deixar (desculpem a redundância) aqui a minha opinião, não sobre o álcool, não sobre quem bebe socialmente, mas sim sobre os alcoólicos (e não apenas aqueles que sofrem síndromes de abstinência).
Tudo bem que bebam, mas agora não me venham cá dizer : "ah e tal, se tiver mal é para mim" - isso não é verdade. Não digam: "é só para fazer a festa" - porque também não é verdade. E muito menos me digam: "quem não bebe não sabe o que é bom" ou "não bebes mas tens de pagar uma rodada senão és forreta".
(tinha muitos mais exemplos para dizer mas assim não seria um pensamento mas sim uma dissertação)
Começando... "ah e tal, se tiver mal é para mim"... Este até poderia ser deixado para o fim mas também fica bem já de inicio. O mal é para quem bebe sim: "O consumo de álcool em grandes quantidades pode provocar acidez no estômago, vómito, diarreia, baixa da temperatura corporal, sede, dor de cabeça, desidratação, falta de coordenação, lentidão dos reflexos, vertigens, dupla visão e perda do equilíbrio.
Nos casos de intoxicação aguda é possível verificar-se mudanças de comportamento desadaptativas, labilidade emocional, deterioração da capacidade de julgamento, amnésia dos acontecimentos durante a intoxicação, perda de consciência, coma etílico e morte por depressão cardio-respiratória.
Quando consumido de forma crónica pode provocar efeitos a longo prazo nos diferentes órgãos vitais. Assim sendo, pode verificar-se a deterioração e atrofia do cérebro, anemia, diminuição das defesas imunitárias, alterações cardíacas (miocardite), hepatopatia, cirrose hepática, gastrite, úlceras, inflamação e deterioração do pâncreas, transtornos na absorção de vitaminas, hidratos e gorduras, rebentamento de capilares, cancro e danos cerebrais. Também a nível psicológico e neurológico estes efeitos poderão ser notados - irritabilidade, insónia, delírios por ciúmes, mania da perseguição, psicose e, nos casos mais graves, encefalopatias com deterioração psico-orgânica (demência alcoólica).A mistura do álcool com outras drogas, especialmente se elas forem também depressoras (como é o caso da heroína), pode ser perigoso e ter consequências como a coma ou a morte.
De uma forma geral, a mulher, devido à sua estrutura física, tem mais dificuldades em lidar com os efeitos do álcool. A mulher grávida que consume álcool com bastante regularidade poderá estar a colocar o feto em risco - síndrome alcoólica-fetal (caracteriza-se por malformações no feto, baixo coeficiente intelectual, etc)."
E assim fica visto a parte do "mim".
Agora todos sabemos que não afecta só quem bebe: "Com excepção do tabagismo, o alcoolismo é mais custoso para os países do que todos os problemas de consumo de droga combinados. Normalmente os alcoólicos têm dificuldades em cumprir os seus deveres profissionais."
O facto do indivíduo se sentir muito seguro de si próprio, como consequência da depressão do sistema nervoso, poderá potenciar a adopção de comportamentos perigosos. Neste âmbito, fazemos referência ao exemplo dos acidentes de tráfego, a primeira causa de morte entre os jovens.
Perturbações relacionais e deterioração progressiva da vida familiar, sendo frequente situações de: Maus tratos físicos e psicológicos aos diferentes elementos do agregado; Violações e situações de incesto; Negligência nos cuidados aos filhos e nas responsabilidades parentais; Rupturas do sistema familiar (separação, divórcio).
O lar do doente alcoólico é simultaneamente um lar patogénico e patológico, com graves repercussões sobre os restantes elementos, nomeadamente sobre os filhos. A instabilidade, a insegurança, o ambiente tenso e conflituoso, são características frequentes no ambiente familiar do doente alcoólico e que têm repercussões negativas ao nível do desenvolvimento das crianças que nele vivem e no desenvolvimento de patologias depressivas nos adultos. Quando é o pai o doente, estão comprometidas em termos psicológicos, a identificação com esta figura de referência. Quando é a mãe a doente, são frequentes situações de carência de afecto e de cuidados, negligência e abandono. O ambiente patológico, e desestruturado em que vivem os filhos dos doentes alcoólicos em geral é responsável por muitas patologias infantis, nomeadamente:
- atrasos no desenvolvimento
- dificuldades na aprendizagem
- perturbações no comportamento
- insucesso escolar
- abandono escolar
- comportamentos desviantes
- Parentalização dos filhos; assumem responsabilidades dos pais (cuidam dos irmãos, das tarefas domésticas), e deixam de ser crianças.
Agora uma parte que não está muito descrita mas que eu aqui exponho com experiência laboral:
Os alcoólicos além de terem de ser tratados numa unidade de saúde ainda colocam em perigo os profissionais que os estão a tratar tal como são prejudiciais ao ambiente em redor e aos restantes doentes.
O seu próprio tratamento muitas vezes é pouco eficiente e de grande desgaste físico e emocional para os profissionais de saúde pois o próprio alcoólico não colabora e ainda consegue piorar a situação em que se encontra "gastando" ainda mais tempo aos profissionais que poderia ser usado para tratarem outro doentes em tempo útil.
É assim a nossa sociedade...E depois ainda são esses que depois refilam porque demora muito tempo a serem atendidos..
Vamos agora ao "é só para fazer a festa": o álcool em quantidades moderadas tem um efeito desinibidor que parece facilitar a convivência. Mas trata-se de uma ilusão, porque nem sempre é possível controlar os consumos nesse ponto e porque a relação com os outros se torna pouco profunda e artificial.
Acho que neste ponto não é preciso explicar mais... quem quiser divagar sobre esta parte é muito fácil chegar onde é preciso.
Para acabar (até porque tenho é de ir dormir e acabar com este meu vicio da net - sim todos temos vícios, o importante é saber que os temos e não fazer a nossa vida depender deles e saber quais as consequências-) vamos ao "quem não bebe não sabe o que é bom" ou "não bebes mas tens de pagar uma rodada senão és forreta": O pior que me podem fazer é mal chego a um lugar onde estão amigos e conhecidos já "bêbados" é dizerem logo: "paga-nos uma mini!". Eu não vou estar a dar droga a um drogado. Se eu sair com os amigos e ao longo da noite pagar uma ou outra cerveja tudo ok, agora chegar a um lado onde já estão mais que alcoolizados e ser recebido não por amigos mas sim um rasgo da sobra do que eles são decerto não me incentiva a contribuir para o degredo deles. Eles sabem que eu não bebo mas também não estou a gritar ao ouvido deles de 2 em 2 minutos: "paga-me um sumo!". É essa a diferença entre pessoas felizes/amigas e pessoas alcoolizadas. Tenho muito tipo de amigos, uns mais amigos outros mais conhecidos... o pessoal com quem mais saio até são aqueles que fazem estas "figuras" atrás descritas e, mesmo assim, continuo a sair com eles, não pelo que eles se tornaram mas sim pelo que eu sei que eles são e significam para mim, tal como significaram ao longo da minha vida. Se assim não fosse já seriam apenas conhecidos... Ao ser assim e, muitas vezes servir como "condutor" deles (não apenas sentido real como também o figurado), demonstro que os respeito, não os deixando para trás quando mais precisam de ajuda mas sinto sempre que não sou respeitado por ser o "copinho de leite".
É preciso ter muita força de vontade para não se deixar ir nestas "redes sociais", fazer o que os outros fazem...
Este texto é principalmente para quem não está nesta "rede social", para ter conhecimento das consequências (para saber mesmo mais há estudos realizados, isto é apenas um "pensamento" com algumas referências bibliográficas) mas também é para aqueles que eu denominei alcoólicos no inicio, para que saibam o que estão a fazer aos seus amigos e família .... e a si próprios!!!
Tenho dito.
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