A última edição dos Proceedings of the National Academy of Sciences, PNAS, tem um artigo muito interessante intitulado «Believers' estimates of God's beliefs are more egocentric than estimates of other people's beliefs».
No artigo, os cientistas descrevem sete estudos diferentes. Em quatro deles, voluntários crentes descreveram o que pensavam de tópicos controversos, tal como o aborto ou a pena de morte. Depois foi-lhes pedido que indicassem o que pensavam que Deus, o americano médio e figuras públicas como Bill Gates pensavam sobre esses temas. Sem qualquer surpresa, as crenças dos voluntários correspondiam muito fortemente às posições que atribuíam a Deus.
Em dois outros estudos, as crenças dos voluntários em relação a esses temas foram manipuladas através de tarefas tais como a preparação de discursos sobre a pena de morte em que os voluntários tinham de apresentar a visão contrária à sua. Os cientistas verificaram que estas tarefas, para além de alterarem as posições dos voluntários em relação a esses tópicos, alteraram também o que os crentes diziam ser a posição divina embora não afectassem a percepção em relação a posições alheias.
O último estudo final envolveu a medida da actividade neural dos voluntários enquanto pensavam sobre as suas crenças, as crenças alheias e as de Deus. Os resultados mostram que eram activadas as mesmas zonas do cérebro quando o sujeito pensava sobre as suas crenças e as de Deus, o que não acontecia quando pensava nas de outras pessoas. Como refere a New Scientist, isto significa que «people map God's beliefs onto their own».
Os investigadores notam que muitas pessoas afirmam usar Deus como compasso moral mas na realidade, de acordo com este estudo, apenas o fazem para sustentar aquilo que pensam atribuindo a Deus as suas posições. Ou seja, Deus é assim como que uma muleta que utilizam para sustentar as suas crenças e opiniões sobre determinados temas. Depois de ler o artigo, percebo melhor as carpiduras do ex-bispo de Oxford no «Inteligência ao quadrado» de domingo assim como o hate mail que me mereceu o post «Coisas Bizarras».
in: Jugular
0 comentários:
Enviar um comentário