Enfermeiros saqueados... uma vez mais?!:
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O Ministro Vítor Gaspar é, porventura, um notável académico na área financeira. A questão é que a realidade ignora esse facto, e, como tal, não lhe responde da forma que deseja e antecipa. Este efeito força a nova austeridade, encaixando a situação naquilo que se pode apelidar de ciclo vicioso.
Ontem foi anunciada mais austeridade. Entre as medidas está o alargamento do horário de trabalho dos "funcionários públicos" para as 40 horas semanais, justificado, entre outros, pela necessidade de nivelar o sector público com o privado. A questão das regalias público/privado não é linear.
O Estado pode ser encarado como um "patrão" que disponibiliza aos seus funcionários um conjunto de direitos laborais, tal como o "patrão privado" o faz. Há empresas que custeiam a escola/creche, ginásio, seguros, carro, gasóleo, telemóvel, etc, dos seus trabalhadores.
O Estado, por seu lado, uma vez que não pode fazer o mesmo a todos, atribui outro tipo de benefícios. Cada patrão compensa e motiva como o seu entendimento estratégico mais aprouver.
Estes argumentos da "nivelação pelo sector privado" são, por conseguinte, inválidos e muito tendenciosos!
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O alargamento do horário de trabalho é uma iniciativa nefasta (com um sustentáculo inacreditável!), tanto mais se nos referirmos à mesma sem a devida recompensação remuneratória. Uma vez mais a realidade não vai obedecer ao Ministro Gaspar!
No meio de tudo isto estão os Enfermeiros, severamente prejudicados. A carreira de Enfermagem é a piores da subsequência de 1974. Só antes dessa data é possível paralelizar.
Os Enfermeiros já eram os licenciados da Administração Pública mais prejudicados e mal remunerados. Há pouco tempo foi imposta a redução (anunciada como "transitória") dos suplementos que retribuem as horas incómodas. Afectou dezenas de milhar de Enfermeiros.
Agora vislumbra-se nova redução salarial, que decorre do referido alargamento de horário. Portanto, os Enfermeiros estão a ser triplamente lesados!
Com a existência de vários tipos de vínculos, o cenário que se coloca é caótico. O Regime do Contrato de Trabalho em Funções Públicas (ex-funcionários públicos) e os Contratos Individuais de Trabalho (a 35h e 40h/semana) terão pagamentos diferentes para a mesma jornada de trabalho, numa verdadeira miscelânea entrópica e anti-constitucional!
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Como se pode constatar pela imagem que ilustra o post, ao nível remuneratório, pior que os Enfermeiros estão apenas os não-licenciados e indiferenciados. Deplorável!
Apesar desta medida ser tranversal a toda a Administração Pública, chegou a hora dos Sindicatos de Enfermeiros pugnarem com inteligência pela defesa da classe!
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