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quinta-feira, 22 de março de 2012

Oposição?

Oposição?:

Algum estrangeiro que chegue a Portugal e por desconhecer a porcaria que grassa na nossa comunicação social decidir ler um dos nossos jornais, arrisca-se a pensar que Sócrates ainda é primeiro-ministro. É Sócrates o alvo da crítica dos jornalistas, é Sócrates o alvo de alguns dos nossos mais destemidos sindicalistas e até o José Seguro ainda tem mais tiques de alternativa a Sócrates dentro do PS do que de secretário-geral eleito há quase um ano.

Até nalguns sectores governamentais ficamos a pensar que Sócrates governa, veja-se o que se passa com a EDP, se não fosse o Catroga andar por aí a vender a política energética a troco de um par de pentelhos, poderíamos pensar que o secretário de Estado da Energia foi demitido não por defender o que constava no programa eleitoral do PSD. O próprio governo que se dizia ser mais troikista deixou de o ser para agora aplicar rigorosamente o acordado entre Sócrates e a troika, se alguém dissesse que o Moedas é um adjunto de José Sócrates ninguém estranharia.

É preciso ser português para se perceber porque razão Sócrates continua a ser o alvo de todas as oposições ou porque alguns dos que mais se destacaram no passado se comportam agora como cordeirinhos a caminho do talho.

Mário Nogueira é quase um case study, o homem que organizou centenas de perseguições a Sócrates, promovendo mini manifestações em todas as deslocações para chamar nomes ao então primeiro-ministro, agora parece estar a ronronar sempre que é visto na presença do primeiro-ministro ou do ministro da Educação.

Veja-se o caso de Manuel Alegre e da sua seita da cidadania, no passado organizava manifestações por tudo e por nada, juntava congressos na reitoria, lamenta-se de os portugueses irem nascer a Badajoz, escrevia declarações de voto em todas as reuniões do plenário. Agora calou-se, as sedes da cidadania apodrecem, os seus amigos deixaram desaparecer, dir-se-ia que ou ganhou as eleições presidenciais ou o PS pediu-lhe desculpa e empossou-o como primeiro-ministro em coligação com o Louçã.

Se Alegre parece ter acalmado com a ausência de Sócrates o mesmo não se pode dizer dos sindicalistas de toga, gente ressabiada que um ano depois insiste na sua vingança por terem perdido o direito a três meses de férias. Tal como os directores de alguns jornais foram acometidos de uma estranha doença mental, uma espécie de fobia anti-socrática que será curável um bom par de anos depois do ex-primeiro-ministro ter tirado o curso de filosofia. Isso se algum magistrado não decidir escutá-lo por engano para se certificar que não tirou a cadeira de inglês filosófico com a ajuda do sucateiro.

Apesar de o parecer nada disto é estranho, resulta de do facto de em Portugal nem os que governam, nem os que fazem oposição actuarem a pensarem no povo. Mais do que correntes políticas ou de pensamento a política ou o sindicalismo em Portugal está nas mãos de seitas e estas actuam em função dos seus próprios interesses. Em Portugal a política é feita com alianças estranhas, favores e negócios sujos, vaidades pessoais.

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