PERHEPH - O que já se esperava!: "
Está disponível para consulta e discussão pública o Plano Estratégico de Recursos Humanos da Emergência Pré-Hospitalar (PERHEPH) - a ler aqui (link 1) e para discutir ali (link 2).
Não esquecendo a velha discussão de que o INEM está à muito em piloto automático - não vemos evolução significativa à, pelo menos, dois anos; a instituição é um barril de pólvora prestes a explodir (ver texto do Doutor Enfermeiro [link 3]) - quero salientar apenas os acontecimentos que vão marcar o futuro do INEM. Segundo o Plano acima mencionado, tudo fica na mesma à excepção de três pontos, três pequenos pontos fundamentais.
Primeiro,os enfermeiros saem do CODU, eu bem avisei.
Segundo, o aumento de efectivos de enfermagem no INEM salda-se nuns insignificantes 66, o que equivale ao acréscimo previsto de 12 ambulâncias SIV, o que indica que a longo prazo - vejam item a seguir - as ambulâncias SIV serão uma miragem.
Terceiro, os TAE's vão ter carreira, preferencialmente a integrar no ensino superior e, sim, conseguem alcançar competências anteriormente exclusivas dos enfermeiros, senão vejamos:
Conclusão:
Os enfermeiros no INEM vão deixar de actuar em ambulâncias - apenas estarão presentes em VMER e HELI -, o projecto de Suporte Imediato de Vida vai por água abaixo, os enfermeiros no CODU só de passagem!
De quem é a culpa?
Não nos podemos imiscuir!
Para o governo tudo passa por uma gestão monetariamente vantajosa, quando alguém pode fazer o mesmo a menor custo obviamente escolhemos o mais rentável. A vertente holística e de segurança nos cuidados passou para segundo plano - Agora quem vai lutar por ela? Quem vai assumir erros? Quem vai defender os interesses dos enfermeiros na evolução do pré-hospitalar?
Perguntas que espero que não fiquem sem resposta. Aos enfermeiros cabe defender as suas competências baseados em critérios científicos, espelhando as vantagens do seu papel no pré-hospitalar. Já vimos isso em algum lado? Quem, a OE? Quem, o SEP? Não. Os TAE's conseguirão, em bem pouco tempo, efectuar os procedimentos acima descritos, inclusivé aqueles assinalados com (em avaliação), consequentemente vão atirar o projecto SIV para o fim e, ainda que a sua actuação nos procedimentos específicos e destacados acima não passe de uma abordagem mecânica, mercantilista e sem qualquer observação clínica de situações de risco, contra-indicações, entre outros aspectos, eles farão com que os enfermeiros em ambulância sejam esquecidos rapidamente e ou isto muda ou então... quem sabe no futuro não conquistam todo o espaço dos enfermeiros no pré-hospitalar.
É certo e sabido que acontecerão mais erros, é certo e sabido que os utentes ficam mal servidos mas, de igual modo, esta abordagem proposta no Plano vai levar procedimentos clínicos a um número exponencialmente maior do que o actual modelo e é aí que reside o problema. O problema para nós, enfermeiros, é que este modelo vai vingar!
A OE e os Sindicatos que se ponham a mexer... e não só nesta vertente, é tempo de olharem para o ensino em Enfermagem, caso contrário, estamos condenados à irrelevância.
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