Alguém disse que, nós portugueses, substituímos o conceito de medicina baseada na evidência para o de medicina baseada na urgência. É neste sector que se reflecte a nossa incapacidade organizativa em matéria de cuidados de saúde. Sendo o SU o último reduto de quem necessita de cuidados assistenciais e a eles não consegue aceder por outra via, é nele que se espelha a ineficiência do sistema.
Ao SU acorrem doentes que não conseguem resposta atempada do seu médico de família (muitos infelizmente); os que não conseguem aceder a uma consulta de especialidade de outra forma (cada vez mais); os enviados pelos serviços internos do próprio hospital, por necessitarem de observação por outra especialidade não disponível de outra forma; os observados/transferidos em unidades privadas (algumas com urgência aberta e sem internamento); e, finalmente, os que verdadeiramente a ele deveriam recorrer: os acidentados ou acometidos de doença súbita com risco de vida imediato (Saúde SA -link).
Reflexos de um Serviço Nacional de Saúde onde todos os problemas caminhariam para a resolução caso existissem médicos suficientes. Digam isto mais alto. Não há coragem política para resolver de vez estes problemas!
Estamos à espera de quê?