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quinta-feira, 4 de março de 2010

Grupo de Enfermeiros enviam Carta Aberta aos deputados Portugueses

Grupo de Enfermeiros enviam Carta Aberta aos deputados Portugueses: "No Gravatar


A crise bateu-nos à porta, não só para a profissão de Enfermagem, mas para todo o país, por isso hoje dia 4 de Março há uma GREVE NACIONAL, onde os Enfermeiros participam.


Ora e se hoje a Greve Nacional é notícia de primeira página, a verdade é que em Enfermagem coisas estranhas continuam a passar-se tal como:




  • o facto de o Enfermeiro ser o único funcionário público que não usufrui do estatuto de trabalhador-estudante tal como ele está previsto na lei ( pois os contratos das EPE fazem com que, quem usufruir desse direito veja descontado o seu vencimento- incentivos)



  • Continuar a ser é o único licenciado que não ganha como tal…



A questão fica … Será que não devem os Enfermeiros fazer Greve à Formação ?


Revoltados com a sua situação um Grupo de Enfermeiros trabalhadores estudantes da especialidade de reabilitação decidiu escrever uma carta aberta aos Deputados, que nós divulgamos aqui (DOWNLOAD ) e incentivamos os nossos Leitores a divulgar.



Grupo de Enfermeiros (trabalhadores-estudantes) da especialização em enfermagem de reabilitação.” (Fonte : recebido via email reabilitacao5@gmail.com)


“Ex.mo sr Deputado:


Escrevemos no sentido de o alertar para uma injustiça tremenda que está a ocorrer no maior grupo profissional da saúde. Muitos enfermeiros nestes últimos anos regressaram aos estudos, uma vez que o curso passou de três para quatro anos e de bacharelato para licenciatura. Este “upgrade” formativo ocorreu também em outros grupos profissionais, nomeadamente na esmagadora maioria dos professores portugueses, todos os educadores de infância entre outros (engenheiros, assistentes sociais, educadoras sociais, etc).


A injustiça a que nos referimos é muito simples: os enfermeiros nunca viram o seu salário actualizado, tendo já passado cerca de dez anos desde o início deste processo. Entretanto todos os restantes grupos profissionais tiveram o seu vencimento actualizado, de acordo com o seu novo grau académico de Licenciado.


Pedimos que questione directamente o Governo, no sentido de saber o motivo desta discriminação. Qual o argumento para um educador de infância Licenciado (só como exemplo) auferir mais 500 Euros mensais de salário base (sensivelmente) do que um enfermeiro Licenciado? Será que a sua Licenciatura é mais longa? Não…Têm mais riscos profissionais? Maior penosidade?


logicamente que não (são vários os estudos que demonstram precisamente o contrário). Será que têm uma ocupação tecnicamente mais diferenciada? Imagine um enfermeiro com recém nascidos instáveis, no meio duma panóplia de sofisticados equipamentos, numa unidade de cuidados intensivos e ter a responsabilidade de os cuidar e vigiar!… A resposta só poderá ser…Não. A enfermagem nunca mais será a mesma enquanto houver esta injustiça. Não são os outros profissionais que estão beneficiados, o estado cumpriu uma OBRIGAÇÃO ÉTICA – actualizar os seus vencimentos de acordo com as habilitações.


Aceitamos que existam outros motivos para além do grau académico, muito bem …QUAIS? Se falarmos num médico é possível alegar o número de anos de formação … outras profissões poderão alegar um risco profissional excepcional … mas tendo por base os exemplos dados sentimo-nos completamente DISCRIMINADOS.


Se o estado Português não quer premiar a formação ou a ache dispensável, se pensa que não vale a pena existirem enfermeiros Licenciados, então tem de ser coerente: que terminem com a Licenciatura em enfermagem e que seja apenas um mero curso técnico profissional, quiçá integrado no programa “Novas Oportunidades”. Poderá aproveitar também para fazer o mesmo a outros cursos, nomeadamente (só como exemplo) os educadores de infância e professores: para professor primário bastaria saber ler e fazer contas, para educador de infância bastaria querer ser… Ironizando um pouco mais, para a honrosa e digna profissão de médico … talvez um mini curso de barbearia, para quem optar pela cirurgia…que também habilitava para arte de dentista!..Estes exemplos são hoje caricatos, não são?


E no passado? Como era a formação de quem exercia estas profissões?


É importante salientar que respeitamos efectivamente todas as profissões aqui visadas, merecem todas o nosso maior apreço e consideração. Queremos partilhar a educação dos nossos filhos com educadoras Licenciadas, que tenham professores competentes e Licenciados e que os nossos doentes continuem a usufruir de médicos altamente qualificados e dignamente remunerados.


Não queremos uma cópia da carreira de nenhum grupo profissional, pedimos uma negociação com os sindicatos que tenha por objectivo corrigir uma injustiça actual, actualizando os salários de quem investiu em formação, muitas vezes com sacrifícios pessoais enormes.


Se forem aprovadas as propostas de carreira que o ministério tem ultimamente apresentado, irão surgir várias situações caricatas, como:


1. Um professor Licenciado em início de carreira ter um vencimento base superior a um enfermeiro com 15 anos de serviço e que entretanto tenha adquirido o título de enfermeiro especialista, através de um curso que até atribui o grau académico de Mestre.


2. Os enfermeiros com o antigo Bacharelato, que não frequentaram o complemento de formação mantêm-se em igualdade com os Licenciados. Valerá a pena estudar neste País?.. Não, até porque quem frequenta uma especialidade e paga propinas mensais ao estado de 250 Euros por mês durante ano e meio fica com ganho Zero… é este o incentivo para quem estuda, quem investe em formação, triste exemplo …


Não queremos falar em números, mas para haver justiça o salário base de um enfermeiro tem de estar próximo do de um profissional com a mesma formação, tem de haver actualização salarial para quem já é detentor da Licenciatura e tem de haver valorização para quem adquira uma especialidade.


Alertamos igualmente que o eco da políticas seguidas na relação do governo com os enfermeiros, está a criar uma sentimento de enorme desmotivação e revolta por parte dos profissionais, está a ser gerada uma imagem de desvalorização da enfermagem (depois de tanto se investir na sua formação e capacitação profissional), privando-se os utentes de beneficiarem de novos conhecimentos e competências adquiridas: como são exemplo os enfermeiros especialistas que continuam a exercer e a serem remunerados como generalistas, desperdiçando-se um capital humano essencial na qualidade e humanização da prestação de cuidados de saúde.


Agradeço a sua atenção para esta situação, pedindo-lhe que faça chegar esta nossa mensagem (que é igual à de milhares de enfermeiros) ao Sr. Primeiro-ministro, na Assembleia da República.


Com os melhores cumprimentos” (Faça DOWNLOAD da Carta aqui )







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